Alagoas é palco de debates sobre Integração Lavoura Pecuária – Floresta

Alagoas sediou, de 20 a 22 de agosto, o primeiro encontro da série ‘ILPF no Nordeste: aprendizados e desafios’, com foco na troca de conhecimentos para o avanço das tecnologias de ILPF (Integração Lavoura – Pecuária – Floresta) em estados no Nordeste.

Os eventos são uma realização da Embrapa e parceiros em Alagoas, Paraíba e Pernambuco, com recursos da Associação Rede ILPF, uma parceria público-privada formada pela Embrapa, a cooperativa CoCamar e as empresas Bradesco, Ceptis, John Deere, Premix, soesp e Syngenta.

O principal objetivo dos encontros técnicos é contribuir para a elevação dos índicis socioeconômicos da região e capacitação de assistentes técnicos e produtores por meio do intercâmbio de conhecimento e experiências com pesquisadores e agentes técnicos.

Com palestras, mesas-redondas e apresentações de casos de sucesso, o workshop “ILPF em novos territórios agrícolas: o caso SEALBA’ aconteceu na sede da Federação da Agricultura e Pecuária no Estado de Alagoas (FAEAL), em Maceió, nos dias 20 e 21, e em Jequiá da Praia, no litoral sul de Alagoas, e capela, no território da Mata Alagoana, no dia 22, com visitas técnicas a fazendas que vêm adotanto ILPF com excelentes resultados.

O workshop foi uma co-realização da embrapa com o Sebrae/AL com apoio da FAEAL, Emater/AL. Faped, Seagri-AL, FIEA e Associação dos Criadores de Alagoas. O foco das discussões desse primeiro encontro foi a promoção da ILPF na nova fronteira agrícola denominada SEALBA, formada por áreas com grande potencial produtivo em Sergipe, Alagoas e Nordeste da Bahia.

A programação contou com apresentações de pesquisadores de diversas Unidade da Embrapa, dirigentes da Rede ILPF, consultores do Sebrae, agentes da Seagri e produtores com casos de sucesso.

Discussões

No dia 20, a palestra de abertura foi do pesquisador da Embrapa Solos (Rio de janeiro, RJ) e presidente da Rede ILPF Renato Rodrigues, que abordou as pontencialidade dos sistemas ILPF no enfrentamento das mudanças climáticas. O pesquisador Marcus Cruz, da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracajú, Se), e o superintendente da Seagri-AL Hibernon Cavalcante fizeram uma caracteristica geográfica e da ocupação agrícola da nova fronteira do SEALBA.

André Sorio, consultor o programa de assistência técnica ao pequeno e médio pecuarista em Alagoas ‘Mais Pasto’ e Osmando Xavier, proprietário da fazenda Timbaúba, que tem sido referência na produção de leite orgânico, apresentaram e discutiram seus casos de sucesso.

Edson Patto, da Embrapa Tabuleiro Costeiros, apresentou os resultados de pesquisas com foco nos benefícios para o solo a partir do consorciamento entre braquiárias, milho e soja na região do SEALBA. Roberto Giolo, da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS) discutiu conceitos de Carne Carbono Neutro (CCN), Abilio Pacheco, que é pesquisador da Embrapa Florestas (Colombo, PR) e também proprietário de uma fazenda modelo em ILPF, debateu modelos potenciais do sistema para adoção no SEALBA.

No dia 21, Fabiana Alves, da Embrapa Gado de Corte, tratou do tema conforto animal e ambiência em ILPF. Vanderley Porfírio, da Embrapa Florestas, junto com o consultor alagoano Shirlan Medeiros, discutiram modelos de ILPF com eucalipto para a Zona da Mata. Salete de Morais, da Embrapa Semiárido (Petrolina, PE), apresentou modelos de ILPF com potencial de adoção para o Semiárido.

A apresentação final ficou a cargo do pesquisador da Embrapa Alimentos e Territórios (Maceió, AL) que buscou construir coletivamente uma proposta de tranfer~encia de tecnologia com foco na capacitação continuada em ILPF para técnicos de Alagoas.

Visitas

Na quinta (22), os participantes se dividiram em dois grupos para as visitas técnicas a fazendas que vêm adotando com sucesso práticas de ILPF

Um grupo seguiu para a Fazenda Bandarra, em capela, onde os proprietários e consultores vêm aplicando a integração entre eucalipto e pecuária.

O outro grupo visitou a Fazenda Bolandeira, em Jequiá da Praia, onde o proprietário Lucas Frannça, por meio de intercâmbio técnico com agentes da Embrapa Tabuleiros Costeiros, implantou uma Unidade de Referência Tecnológica de integração entre coqueiro mestiço, pastagem para gado de corte e leguminosa arbustiva gliricídia.

” A demanda consistia em alternativas produtivas em áreas de produção de coco na região de baixada litorânea da região sul de Alagoas, uma vez que a cultura do coco é bastante difundidade mas sofre grandes baixas. Dessa forma, buscou-se por um sistema de produção que pudesse ser integrado e fazendo uso simultâneo das áreas de coqueirais da propriedade”, explica o veterinário e analista de Transferência de tecnologia da Embrapa Tabuleiros Costeiros Samuel Souza, que atuou na implantação da URT.

“Desde que implementamos o sistema aqui na propriedade, tem sido impressionante o ganho de produtividade dos coqueiros, sem falar da qualidade do pasto e da redução de custos com adubo nitrogenado e suplementação para os animais por conta da gliricídia”, revela França.

O sistema sugerido e implantado foi o de produção de bovinos de corte (que sofre pouca variação de preço ao longo do ano) em sistema de pastejo rotacionado, enriquecido com leguminosa Gliricidia sepium para redução dos custos de alimentação dos animais e promovendo ciclagem de nutrientes (fixação de nitrogênio) para os coqueiros.

A recuperação das pastagens foi realizada utilizando o método de plantio direto, fazendo-se o plantio do milho juntamente com o adubo e as sementes de capim. Dessa forma, evita-se a degradação dos solos e permite-se uma renovação das pastagens com a implementação de espécies de gramíneas mais adaptadas, com maior valor nitricional e mais indicadas para alimentação de bovinos de corte.

“É importante ressaltar que os animais terão oferta de sombra dos coqueiros nas pastagens, promovendo um bem-estar e, consequentemente, aumento de conversão alimentar, permitindo maiores ganhos de peso dos animais na área”, destaca Samuel.

Na propriedade a gliricídia é explorada em sistema consorciado, sendo implantada em linhas duplas e paralelas aos coqueiros, em toda extensão da área subdividida para realização do pastejo rotacionado. Esse sistema permite que a gliricídia atenda parcialmente às exigências nutricionais dos animais servindo de alimento em pastejo direto, e também promova a melhoria da produção de coqueiros através da fixação de niotrogênio que servirá de adubo para o coqueiral.

Essas estratégias buscam maior sustentabilidade dos pontos de vista econômico, por reduzir os custos de produção, e ambiental por fazer uso da terra com cobertura e preservação dos solos e também reduzir a necessidade de insumos químicos e de controle de pragas por tratar-se de uma sistema integrado com várias culturas em constantes simbiose.

Fonte: www.embrapa.br

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